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...) À medida que a consciência sucumbia à voluntariosa presença do sono, estranhas imagens aquáticas invadiam o seu quarto. Ali, na penumbra, as sombras formadas pela bruxuleante luz do luar que entrava pela janela, assumiam formas líquidas, que ondulavam suavemente. O súbito brilhar de uma escama, ou o rápido movimento de uma barbatana diziam-lhe que não se encontrava sozinha. O doce balançar das ondas embalava-a, e a menina mergulhou finalmente num sono profundo (...)
4 comentários:
Lembraste da "Alice no País das Porcarias"?
Essa menina de olhos grandes faz-me lembrar a Alice, a Alice dentro do olhar azul do Atlante que a transportou dentro de si durante uma viagem árdua por mares nunca antes navegados.
Se um dia publicar a "Alice no País das Porcarias", aceitas que a tua menina do "underworld" seja a capa do meu livrinho? :)
Claro que sim...fica combinado!
:3 Relembra-me a historia do Urashima Taro, ela é como a princesa do Reino Subaquatico ^-^
Very sweet :3
é curioso mencionares essa estória do folclore japonês...conheço inúmeras refereências a estórias semelhantes na mitologia e folclore de várias civilizações. A tradição celta está cheia de estórias em que um homem se apaixona por uma sereia e a segue até ao fundo do mar. Após algum tempo no reino das profundezas, o homem começa a sentir saudades de casa, e quando finalmente regressa, tudo mudou...centenas de anos se passaram, e todos os que ele um dia conheceu e amou, já desapareceram há muito. existem muitas variantes deste conto. Em algumas versões, é uma mulher de beleza invulgar, vinda do fundo do mar, que se apaixona por um pescador ao ouvi-lo tocar flauta na praia. Casa-se com ele, dá-lhe filhos, mas após algum tempo, as saudades do mar levam a melhor...ela não consegue resistir ao canto dos seus semelhantes (a tribo das focas), e parte para sempre. O pescador nunca mais torna a ser o mesmo. Diz-se que se pode ainda ouvir o som da sua flauta na praia nas noites de lua cheia, a chamar a sua amada.
No folclore irlandês, inglês e gaulês não é dificil encontrar referências ao mítico rei das fadas, e ao seu reino mágico...uma ilha do outro mundo chamada Abalon (ilha das maçãs/pomar de maçãs - Avalon), ou ao castelo de Chariot localizado no coração da floresta - a corte dos reis das fadas. em dias em que as brumas eram intensas e espessas, era possível que a barreira entre os mundos se diluísse em alguns locais de poder, e os humanos, podiam por acidente ir parar ao país da fadas. Aí o tempo corre de forma diferente. Poder-se-ia passar aí apenas um dia, e ao regressar descobrir que se tinham passado vários anos, ou por outro lado, ficar lá uma semana ou um mês, e ao voltar a casa perceber que não se tinha passado nem um segundo.
Enfim...a mitologia está impregnada de estórias em que princesas do povo das fadas vindas da floresta se apaixonam pelos humanos e abrem mão da sua imortalidade para viver o seu amor impossível. A obra de Tolkien por exemplo é um caleidoscópio para o folclore de muitos povos. É como se ele tivesse cozinhado várias estórias da mitologia de muitas civilizações num caldeirão, e confeccionado o universo fabuloso que conhecemos na obra o Silmarillion e o Senhor dos Anéis.
Juliet Marillier faz muitas referências a estórias como essa.
* Quando eu uso a palavra estória repetidamente, não é um erro ortográfico. Pode soar de forma estranha, mas a verdade é que quando se trata da História de um país ou da humanidade, é com H. Quando por outro lado estamos a falar de uma estória infantil, ou um conto, é com E. Assim como no Inglês: Story ou History.
Obrigado pelo comentário :)
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